Autor em Foco: Conheça Pedro Branco, autor de “Uma Colheita de Inverno” além do seu novo livro “O Tocador de Trovão” 

Hoje, queremos destacar Pedro Branco, autor de “Uma Colheita de Inverno” além do seu novo livro“O Tocador de Trovão” que terá sessão de autógrafos na Bienal do Rio de Janeiro.

O Tocador de Trovão é uma história sobre adaptar-se, mas ser quem você é” diz Pedro Branco. Adentramos nas inspirações por trás da história, a jornada de escrita do autor e muito mais:

CONFIRA A ENTREVISTA COMPLETA:

1: O que inspirou você a escrever O Tocador de Trovão?

Grande parte das inspirações vem da criação plural que eu tive, em termos de religião. Cada pessoa ao redor de mim tinha uma fé diferente e eu eventualmente tive que decidir qual encaixava melhor com a pessoa que eu estava me tornando. Isso me fez também ter uma fé muito plural que carrego comigo desde então.

Outra parte importante foi uma palestra que assisti na Bienal de 2019, em que um sacerdote de umbanda e um pastor evangélico falavam juntos sobre o desafio de amar o próximo a despeito de suas diferenças.

E é claro, esses temas se juntam na história sob um manto de fantasia urbana que eu adoro!

 

2: Como foi a sua jornada de escrita? Quais foram os principais desafios que você encontrou?

O Tocador de Trovão está sendo escrito desde 2019, então passei todo o período pandêmico trabalhando nele. Durante estes últimos quatro anos, me mudei duas vezes e fui levando o trabalho comigo. Naturalmente, eu também evoluí como autor e fui incorporando novos estilos e novas visões de mundo à história.

Mas o maior desafio de todos foi escrever sobre personagens e temas que não fazem parte de meu lugar de fala. No Tocador, o protagonista é um menino negro cujas motivações envolvem atos racistas contra ele. Foi necessário desenvolver ainda mais respeito e consciência de classe na minha escrita, além de consultar e trabalhar ao lado de autores e autoras negros que tinham mais a dizer sobre estes temas.

3: Como você acha que o seu estilo de escrita evoluiu ao longo do tempo?

Desde que publiquei Uma Colheita de Inverno, sinto que minha escrita evoluiu e se tornou mais objetiva, focada na história que quero contar, e sem lirismos que muitas vezes usava apenas pelo gracejo de usar. Minhas inspirações também se tornaram mais próximas da realidade brasileira: ouvi mais música regionalista, me voltei mais para telenovelas e bebi muito da fonte de autores daqui. E tudo isso sem perder as influências claramente estrangeiras que sempre permearam minha infância e adolescência. Considero estar num bom meio-termo, de verdade.

 

4: Quem são os autores que influenciaram seu trabalho e de que maneira?

Mais novo, sempre fui fascinado por Stephen King e lia tudo que encontrava sobre ele. Considero que herdei dele um tanto de estilos de escrita que hoje replico nos meus livros. Em termos de humor, sinto uma grande influência de Douglas Adams, principalmente com O Guia do Mochileiro das Galáxias. Entretanto, recentemente tive contato com outros tipos de literatura mais sóbrias que me encheram os olhos: Ítalo Calvino e Itamar Vieira Júnior são dois nomes que me vêm à mente imediatamente. E é claro que, além dos famosos, tenho outros tantos colegas autores cujas obras e esforços me ensinam coisas o tempo todo.

5: Pode nos contar um pouco sobre os temas abordados em O Tocador de Trovão?

Logo de cara, O Tocador tem dois temas bem evidentes: a fé dividida e a busca pela própria identidade. Isso porque o protagonista teve contato com duas religiões muito diferentes ao longo da infância, e hoje não sabe bem qual delas deve seguir. E também por ser a única pessoa negra em um povoado totalmente branco, o que gera uma série de conflitos internos em torno da pergunta “quem sou eu, realmente?”.

Mas também trabalho bastante com outros temas que permeiam a história entre os dois primeiros. Coisas como o primeiro amor, a chegada à vida adulta, a injustiça social e principalmente o mistério da morte. Saber o que é morrer e o que há depois é uma grande parte da experiência dos personagens de O Tocador de Trovão.

 

6: Como achou a Lura Editorial como parceira na publicação?

A Lura tem sido uma benção na minha vida desde 2019, quando publiquei meu primeiro livro, Uma Colheita de Inverno. Foi indicação de um amigo que também publicou na casa por um tempo, e depois que conheci o trabalho da editora na Bienal de 2019, me apaixonei de verdade. A equipe é muito prestativa, muito querida e trata minha obra com o respeito que eu acho que ela merece. Tive experiência com outras editoras independentes do mercado brasileiro, mas nenhuma me fez sentir tão em casa quanto a Lura.

 

Sobre a Lura: “A equipe é muito prestativa, muito querida e trata minha obra com o respeito que eu acho que ela merece. Tive experiência com outras editoras independentes do mercado brasileiro, mas nenhuma me fez sentir tão em casa quanto”

 

7: Você tem algum conselho para escritores aspirantes que desejam publicar seu primeiro livro?

Pensem pequeno e pensem bastante. É normal que na empolgação de escrever, a gente crie mundos enormes e queira escrever trilogias, séries e etc. Mas na imensa maioria das vezes, estes autores acabam se perdendo em devaneios, planos e construção de mundo sem fazer o que de fato precisa ser feito: sentar e contar uma história do início ao fim.

Então, meu conselho é sempre esse: pratiquem terminar coisas. Você pode começar com um conto, ou talvez até com um livro completo mesmo, mas deixe que ele faça sentido dentro de si mesmo. Mire em 200, 300 páginas e encerre-o com o melhor da sua escrita. Depois, faça e novo. Adquira experiência, conheça seus métodos, sua rotina, seu vocabulário… cresça enquanto autor, e só depois comece a pensar em expandir a obra também.

“Pensem pequeno e pensem bastante. É normal que na empolgação de escrever, a gente crie mundos enormes e queira escrever trilogias, séries e etc. Mas na imensa maioria das vezes, estes autores acabam se perdendo em devaneios, planos e construção de mundo sem fazer o que de fato precisa ser feito: sentar e contar uma história do início ao fim”

8: O que você está lendo no momento? Você poderia recomendar alguns livros para nossos leitores?

Na loucura de publicar O Tocador de Trovão, eu já o reli 3 vezes só em 2023! Mas antes disso, li os dois primeiros volumes de Duna, de Frank Herbert – baita livrão!

Em termos de recomendação, tem uma coletânea de contos do Stephen King que me marcou muito na infância e sinto inspirações vindo dela até hoje. Chama-se “Tudo é eventual”, vale muito a pena dar uma conferida. Mas se a pegada da pessoa é algo mais nacional, “A palavra nunca” de Eric Nepomuceno também sempre teve uma estranha influência melancólica sobre mim.

9: O que você espera que os leitores levem consigo após lerem O Tocador de Trovão?

Acho que o mundo precisa desesperadamente de mais histórias felizes, e apesar dos altos e baixos, meus enredos tendem a mirar nisso: um final o mais feliz possível dentro das possibilidades da história. Depois de terminar o Tocador, espero que as pessoas se sintam mais esperançosas com relação aos outros e mais seguras com relação a si próprias. Essencialmente, O Tocador de Trovão é uma história sobre adaptar-se, mas ser quem você é.

 

10: O que vem a seguir para você? Você está pensando em um novo projeto no momento?

Assim que a Bienal 2023 terminar, volto pra casa já pronto pra iniciar um novo ciclo. O próximo livro se chamará O Domador de Estrelas e se tudo der certo, o veremos na Bienal de São Paulo em 2024. Dedos cruzados!

INFORMAÇÕES DE CONTATO:

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Fica aqui o convite para conhecer a autora pessoalmente na Bienal do Livro do Rio de Janeiro e garantir seu exemplar autografado:

📅 Data: Sábado, dia 09 de Setembro de 2023

⏰ Horário: 16h

📍 Local: Estande da Lura Editorial – Rua Q-28 – Pavilhão Verde