Hoje, queremos destacar Mila Bedin Polli, autora de “Amar, verbo transitivo direto.”
Conheça mais sobre a autora e sua jornada literária na entrevista abaixo:
1: O que inspirou você a escrever Amar, verbo transitivo direto?
Minha inspiração, na verdade, nasce das minhas vivências, daquilo que me perpassa. A ideia deste meu livro de estreia, surgiu há 22 anos, quando ainda estava na faculdade. Sempre escrevi desde que me conheço por gente, como diz o ditado. Nesse período, os gatilhos para a escrita estavam bastante latentes. Dessa forma, sempre que escrevia um poema novo, levava para a leitura apurada de meu querido professor de Linguística, José Alexandre, que me brindava com comentários lindos, os quais me impulsionavam a escrever ainda mais.
Um belo dia, durante uma aula ele me diz: – Neguinha, (ele me chamava carinhosamente assim) me dá uma folha de teu caderno! E eu, prontamente entreguei-lhe o papel. Não mais que sete minutos depois, ele me devolvera aquela folha preenchida com dizeres emocionantes, os quais intitulavam-se como “Prefácio”. A princípio não entendi e lhe perguntei: Professor, como assim Prefácio? E ele, todo prosa como era, me respondeu sorrindo: – Neguinha, é o prefácio do teu primeiro livro de poemas que, naquele momento, intitulou-o de “Poemas Jovens”, dada a minha pouca idade. Eu só pude suspirar de alegria e agradecimento!
Assim, depois de 22 anos, meu livro nasce todo lindo e cheio de amor! E, claro, não poderia faltar esse texto póstumo do Alexandre, que onde quer que esteja, está brindando minha poesia comigo!
2: Como foi a sua jornada de escrita? Quais foram os principais desafios que você encontrou?
Escrever é sempre desafiador, porém vital para mim. Como diria Fernando Pessoa, não escrevo para agradar, mas para desassossegar. Escrevo vários gêneros porque gosto de caminhar pelos becos literários nos quais minha alma pode alcançar. Os poemas, em especial, “brotam” como folhas novas que querem logo ver a luz do sol. Eles ficam aqui dentro por tempos longos ou curtos e uma hora resolvem sair para dar uma voltinha nas folhas de papel que sempre me acompanham. É aquele sentir que dói e sorri e, ao mesmo tempo, precisa explodir.
Como diria Fernando Pessoa, não escrevo para agradar, mas para desassossegar
3: Como você acha que o seu estilo de escrita evoluiu ao longo do tempo?
Com as novas vivências, com a maturidade. A escrita acompanha nosso processo evolutivo como seres humanos e permite que tudo se encaixe e faça sentido. Todas essas experiências nos trazem um olhar mais profundo do que é viver, sofrer, sorrir que é o universos de emoções o qual retratamos em nossos textos.
4: Quem são os autores que influenciaram seu trabalho e de que maneira?
Caramba! Acredito que há sempre diversas influências, mas claro que poderia citar duas bastante importantes nesse meu caminhar literário: Lygia Fagundes Telles e Clarice Lispector, que – não por acaso – são mulheres fortes e que marcaram espaço no cenário literário do Século 20, cujos expoentes eram – em grande parte – escritores homens.
A “dama da literatura brasileira”, Lygia, apaixonei-me ainda menina pelos seus escritos tão realísticos e pelo lugar que suas personagens femininas sempre ocupavam em suas histórias. Sem contar o engajamento na luta pela democracia e contra a censura.
Clarice, pelo retrato do cotidiano em sua literatura intimista, por vezes ácida. Suas personagens sempre escritas sob a esfera psicológica de uma maneira tão simples e tão profunda. Uma maravilha!
Enfim, mulheres incríveis e potentes, narrando a vida!
5: Pode nos contar um pouco sobre os temas abordados em Amar, verbo transitivo direto?
O título, de certa forma faz uma alusão ao “Amar, verbo intransitivo”, do Mário de Andrade, porém com características, obviamente diferentes, a começar pelo gênero.
No romance de Mário, o “amor” é intransitivo, assim como os verbos dessa categoria, isto é, aqueles que não precisam de complemento, pois têm sentido completo. Porém, a completude é ilusória no livro de Mário, já que entre Fräulein e Carlos, personagens principais da trama, apenas Carlos se envolve, pois ela é contratada pelo pai dele para iniciá-lo sexualmente, o que revela – de sua parte – a ausência do amor real, não havendo sentido completo.
No contexto do meu livro, o amor transitivo, aquele que requer completude, é o protagonista. A verdade e a intensidade desse amor são visíveis e podem ser sentidas a cada verso. Como toda boa história de amor, não poderiam faltar momentos de angústia que culminam em outros tantos, explosivos de mais amor.
6: Como foi/é trabalhar com a Lura Editorial na publicação de Amar, verbo transitivo direto?
Muito gratificante. A equipe da Lura é extremamente profissional e considera o olhar do autor, preocupando-se não somente com cada detalhe da produção do livro, mas também incluindo-nos nessa caminhada.
A equipe da Lura é extremamente profissional e considera o olhar do autor, preocupando-se não somente com cada detalhe da produção do livro, mas também incluindo-nos nessa caminhada.
7: Você tem algum conselho para escritores aspirantes que desejam publicar seu primeiro livro?
Acredito que, antes de tudo, cada escritor/a, tem de se autorizar como tal. Acreditar no seu potencial e nunca parar de escrever. Quem escreve é sim escritor ou escritora, pois é dono de seu dizer!
8: O que você está lendo no momento? Você poderia recomendar alguns livros para nossos leitores?
Nossa! São tantos livros ótimos no mercado! Difícil selecionar apenas um… mas vamos lá:
Estou lendo “Como se fosse um monstro”, da Fabiane Guimarães (outra mulher… ) na verdade, sem querer acabo lendo muito mais mulheres também, até porque convivo com muitas delas na escrita independente. Tem muita gente boa nesse cenário que tem crescido muito nos últimos anos. Mulheres que escrevem, que marcam seu espaço e se permitem SER!
Recomendo os livros da querida Giovana Madalosso (Teta Racional, Suíte Tóquio), Toda Poesia, do Paulo Leminski, As meninas, de Lygia Fagundes Telles, A paixão segundo GH e A hora da estrela, de Clarice Lispector, A pediatra, de Andrea del Fuego e Maquinário feminino e outras conversas, da querida amiga poeta Marina Grandolpho, escritora independente.
9: O que você espera que os leitores levem consigo após lerem Amar, verbo transitivo direto?
Espero, claro, que saiam diferentes do que entraram. Que cada verso, possa tocá-los de forma singular e que se permitam transbordar na vida e no amor.
Espero, claro, que saiam diferentes do que entraram
10: O que vem a seguir para você? Você está pensando em um novo projeto no momento?
Quem escreve nunca para, está sempre pensando e alinhando um projeto novo…. rs
Estou organizando minha Newsletter… já já ela estará no ar cheia de vida!
Sobre meus textos para livros tenho muita coisa em andamento: crônicas, cartas, poemas novos e….um romance! Aguardem!
Entre no Youtube a veja o vídeo-depoimento da autora: