O retorno das livrarias físicas no Brasil e no mundo

As livrarias físicas sempre desempenharam um papel central no universo literário e cultural. Mas, com a internet, muitas lojas tiveram que se adaptar ou fecharam suas portas. 

Enquanto alguns especialistas previam o fim de uma Era, o que vimos nos últimos anos foi um retorno delas, movimento que tem ganhado força cada vez mais.

O crescimento da Barnes & Noble, nos Estados Unidos, tem sido apontado como um símbolo dessa mudança. 

Veja esse trecho publicado no Brazil Journal no fim do ano passado:

“A inauguração marca a volta da Barnes & Noble […] e reforça a revitalização da maior cadeia de livrarias do mundo – é a primeira das 30 lojas que pretende abrir nos Estados Unidos”.

Mas, afinal, como elas estão se reinventando no Brasil e no mundo? Vamos entender esse fenômeno e discutir o futuro.

O caso da livraria física Barnes & Noble nos Estados Unidos

Nos Estados Unidos, essa resistência tem um nome: Barnes & Noble.

Ela foi por muitos anos a maior rede de varejo de livros do país e se viu ameaçada pelo crescimento de plataformas digitais, entre elas, a Amazon

Entretanto, ao contrário de muitas de suas concorrentes, a Barnes sobreviveu ao processo de digitalização, apostando em uma série de mudanças estratégicas. 

Uma das principais medidas foi a criação de um ambiente mais acolhedor e voltado à experiência do consumidor

As lojas passaram a oferecer não apenas livros, mas também cafés, espaços para eventos e uma vasta gama de produtos voltados à cultura e ao lazer. 

Esse reposicionamento ajudou a marca a se manter relevante em um mercado em constante transformação.

A história da Barnes & Noble é uma lição de como uma grande marca pode se reinventar e, ao mesmo tempo, manter sua essência. 

Ela representa uma boa referência sobre o que está acontecendo em vários lugares do mundo, incluindo o Brasil.

Seria esse o início da volta das livrarias físicas?

O que aconteceu com a Barnes & Noble nos Estados Unidos pode ser visto como um reflexo de uma mudança maior que está ocorrendo no mercado global. 

O retorno pode ser atribuído a uma combinação de fatores, especialmente:

  • A busca por experiências imersivas e 
  • A necessidade de interação humana.

Aliás, essas são características que, muitas vezes, o digital não consegue proporcionar de forma satisfatória.

Aqui no Brasil, o movimento tem sido tímido, mas não menos interessante. Algumas redes estão se reestruturando e até se expandindo. 

Um exemplo disso é a Livraria Leitura, que está acelerando a sua expansão, aproveitando a demanda por um ambiente super pessoal e acolhedor focado no ato de comprar e ler livros.

A principal aposta é em uma gestão centralizada. O único CEO diz ter mais de 50 sócios com autonomia para operar em suas regiões, como foi mencionado no InfoMoney.

A Livraria Travessa e a Livraria da Vila são outras referências nacionais. Elas dobraram de tamanho nos últimos anos e possuem um total de 32 lojas.

Além disso, a pandemia trouxe à tona um desejo profundo de reconectar-se com o mundo físico e isso tem impulsionado essas mudanças.

Agora, esses espaços de leitura não oferecem somente livros, elas são espaços de experiência cultural e social. 

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Qual o futuro das livrarias físicas no Brasil e no mundo?

Esse tema é, sem dúvida, um dos temas mais discutidos no mercado editorial. 

Uma das últimas pesquisas publicadas pela Associação Nacional de Livrarias (ANL) no Correio Braziliense mostrou que desde 2021 foram abertos 100 estabelecimentos.

O fato é super interessante e o que quase todos os especialistas concordam é que para sobreviverem – e até mesmo crescer – será necessário um processo de adaptação.

E isso envolve desde a experiência do usuário até a integração de novas tecnologias e comportamentos de consumo. Vamos analisar alguns dos fatores-chave a seguir.

Adaptação aos comportamentos dos consumidores

Com a digitalização e a ascensão dos e-books e audiolivros, o comportamento dos consumidores mudou. 

Hoje, muitas pessoas preferem comprar online, por conta da conveniência, preço e variedade oferecida. 

Por isso, esses lugares precisam entender as necessidades do consumidor contemporâneo e oferecer algo que o digital não possa proporcionar.

Uma adaptação importante está no ambiente das lojas: elas precisam ser lugares que ofereçam mais do que um simples ponto de venda. 

Ambientes que se tornam centros de experiências culturais, com eventos, palestras, lançamentos e cafés, têm maior probabilidade de atrair visitantes regulares. 

Além disso, a personalização do atendimento e a curadoria de livros baseada nos gostos e interesses dos consumidores podem ser um diferencial.

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Possibilidades de livrarias mais nichadas

Outro caminho promissor é a criação de espaços especializados, voltados a nichos específicos. 

Em vez de oferecer uma gama ampla de títulos, algumas estão se concentrando em segmentos como literatura infantil, livros de culinária, literatura estrangeira, etc.

Elas se tornam pontos de encontro para fãs de determinado gênero literário ou tema.

Essa experiência voltada ao nicho ajuda a criar uma comunidade de leitores, algo que as grandes lojas de massa talvez não consigam.

Experiência do usuário integrada

Em um mundo cada vez mais digital, a experiência do usuário é fator-chave no sucesso de qualquer negócio. E as livrarias não são exceções. 

Oferecer uma experiência integrada, que combine o melhor do físico com o digital, pode ser uma solução inteligente.

Muitas já adotam tecnologia para facilitar a compra e o gerenciamento do estoque, como aplicativos de leitura ou sistemas de pagamento digital. 

Além disso, a realidade aumentada e outras inovações podem transformar a experiência do consumidor, tornando-a dinâmica e interativa.

Curiosidades sobre Livrarias

Antes de terminar essa leitura, confira algumas curiosidades.

Quando as livrarias surgiram?

No formato que conhecemos hoje, o surgimento aconteceu na Europa, no século XV, após a invenção da imprensa por Gutenberg

A primeira livraria do mundo, entretanto, é datada de 1470, em Veneza, na Itália.

Elas eram centros de troca de ideias, que facilitavam o acesso a obras e, ao conhecimento – algo muito semelhante ao que está acontecendo atualmente.

Onde ler conteúdos sobre o mercado editorial?

Para quem se interessa pelo mercado editorial, pelas novas tendências de consumo e pelo futuro da literatura no Brasil, o blog da Lura Editorial é uma ótima fonte de conhecimento!